terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amores de Açúcar


            Se você já escutou estas perguntas nesta ordem: Está namorando? Já acabou? Durou tão pouco tempo? Porque? Então se identificará! Caso contrário é melhor ir passear no YouTube. Encontrar um padrão, um modelo, a fórmula mágica para os relacionamentos amorosos é atividade para pessoas ingênuas ou sonhadoras demais. Talvez seja por isto o lamento de Leoni ao cantar “ainda encontro a fórmula do amor”.
           Eu parto do pressuposto que somos pessoas “desreguladas” nesta sociedade, os homens e mulheres sentem-se sós, vazios, carentes, todavia não conseguem construir relacionamentos duradouros e consistentes. Um paradoxo de difícil solução. Sonha-se com casamento, família e demais adereços dos tempos da vovó, mas aproximar-se do outro de forma sincera e verdadeira é um desafio. Na verdade, o “outro” ainda que conviva com você todos os dias é considerado um estranho, perigoso e imprevisível. Amar o próximo é uma sugestão cristã chata, pois nos comove, mas não nos convence. Afinal, não há vantagem visível neste comportamento.
           Claro, queremos sim a mão amiga, a companhia, o afago, o dengo, a ternura, o abraço, mas de forma controlada pelas nossas vontades e egos, sem contrapartidas e sem maiores esforços. Devem ser longos o suficiente para serem rapidamente esquecidos. Fortes na medida de serem facilmente desafrouxados. Pertos de maneira a ficar longe. Compromissos a longo prazo são apenas sonhos dos mais românticos.
           Dessa forma, criamos o que chamo de “namoro útil”. Duas pessoas legais, gostam das mesmas coisas, precisam de companhia, mas não querem nada muito sério(ou um deles finge que quer). Ou seja, se der certo legal, senão acena-se um impiedoso tchau. Juntas sim, todavia separadas. Próximas, na verdade distantes. Essa fluidez relacional nos torna descartáveis uns para os outros. Nossos relacionamento são uma das faces mais pertubadoras desta sociedade.
           Castelos de açúcar construídos para desmoronar. Um território de amores convenientes. Nem preciso explicar os danos emocionais dessa roda gigante sentimental. Eita! Lá vem o vento e uma chuva fina...


Vinicius Lúcio,


Outubro de 2011, às margens de um velho açude




P.S: Cumprida a promessa feita no post anterior. Publicarei uma poesia na próxima postagem.