quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mais uma poesia


Na doçura dos teus olhares
e nos seus lindos detalhes
tenho aprendido coisas especiais
incomuns aos simples mortais

Suas mãos afagam rosto e alma
uma companhia cheia de calma
nestes sorrisos fáceis e sinceros
eu me vejo sem jeito de dizer
tão lindo tem sido te conhecer

Me fogem palavras e versos
eu me sinto um homem submerso
no teu carinho e nas tuas lembranças
A noite sussura teu nome no meu ouvido
e eu penso se até hoje havia vivido...


Em uma noite de sábado com lua e encanto,

Com carinho,

Vinicius Lúcio

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Desabafo


E está tudo muito estranho aqui por dentro. Essa mistura de cansaço e medo fazem a cabeça de qual quer sujeito delirar. Não são aqueles delírios bons, cheio de adrenalina e emoção... Me sinto confuso e perdido. Não perdido de não saber para onde ir, mas procurando saber se no final isso tudo vale a pena? Ah... Solitário? Inúmeras vezes. Meio Dom Quixote, apenas por amor as causas perdidas... Sei que tens me erguido Senhor e me levado a um lugar melhor. Os caminhos tortuosos da vida, as tempestades imprevisíveis, a dor contida e o choro evitado tem me enfraquecido. Tornei-me mais forte, mas um pouco mais frio. Meu Deus essa lógica perversa da ser bem-sucedido massacra a alma humana. O sucesso e o fracasso são iguais, ambos são impostores, pois impõem dores e misérias. Talvez ser feliz e fazer os outros felizes seja minha maior missão. Eu estou precisando, chorar um pouco, pensar mais um pouco. Compreender onde errei e ir em frente... Ouvir uma música que fale profundamente do Teu amor por mim e encontrar-me com aquelas “letras antiquadas” da Bíblia.


Em Cristo, que me ama “extravagantemente” sem explicar as razões,

Vinicius Lúcio,

Em uma noite difícil do mês de novembro

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amores de Açúcar


            Se você já escutou estas perguntas nesta ordem: Está namorando? Já acabou? Durou tão pouco tempo? Porque? Então se identificará! Caso contrário é melhor ir passear no YouTube. Encontrar um padrão, um modelo, a fórmula mágica para os relacionamentos amorosos é atividade para pessoas ingênuas ou sonhadoras demais. Talvez seja por isto o lamento de Leoni ao cantar “ainda encontro a fórmula do amor”.
           Eu parto do pressuposto que somos pessoas “desreguladas” nesta sociedade, os homens e mulheres sentem-se sós, vazios, carentes, todavia não conseguem construir relacionamentos duradouros e consistentes. Um paradoxo de difícil solução. Sonha-se com casamento, família e demais adereços dos tempos da vovó, mas aproximar-se do outro de forma sincera e verdadeira é um desafio. Na verdade, o “outro” ainda que conviva com você todos os dias é considerado um estranho, perigoso e imprevisível. Amar o próximo é uma sugestão cristã chata, pois nos comove, mas não nos convence. Afinal, não há vantagem visível neste comportamento.
           Claro, queremos sim a mão amiga, a companhia, o afago, o dengo, a ternura, o abraço, mas de forma controlada pelas nossas vontades e egos, sem contrapartidas e sem maiores esforços. Devem ser longos o suficiente para serem rapidamente esquecidos. Fortes na medida de serem facilmente desafrouxados. Pertos de maneira a ficar longe. Compromissos a longo prazo são apenas sonhos dos mais românticos.
           Dessa forma, criamos o que chamo de “namoro útil”. Duas pessoas legais, gostam das mesmas coisas, precisam de companhia, mas não querem nada muito sério(ou um deles finge que quer). Ou seja, se der certo legal, senão acena-se um impiedoso tchau. Juntas sim, todavia separadas. Próximas, na verdade distantes. Essa fluidez relacional nos torna descartáveis uns para os outros. Nossos relacionamento são uma das faces mais pertubadoras desta sociedade.
           Castelos de açúcar construídos para desmoronar. Um território de amores convenientes. Nem preciso explicar os danos emocionais dessa roda gigante sentimental. Eita! Lá vem o vento e uma chuva fina...


Vinicius Lúcio,


Outubro de 2011, às margens de um velho açude




P.S: Cumprida a promessa feita no post anterior. Publicarei uma poesia na próxima postagem.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Medos Cotidianos


Somos de uma geração cheia de medos. Temos verdadeiro pavor as hostilidades da vida e relutamos em olhar o futuro, afinal somos o presente, o hoje. O efêmero e transitório nos basta. Tentamos disfarçar esses incômodos, e fazemos muito bem até que uma grande perda e dor profunda nos ponha diante do espelho sem as nossas maquiagens emocionais. A principal delas é o medo do futuro, especificamente o medo da derrota, medo do fracasso, e o mais cruel, o medo da dúvida. Planos traçados, sonhos idealizados, vislumbres ambiciosos. Mas existem pouquíssimas certezas e uma imensidão de riscos, uma relação desigual. Carregamos tantas exigências para ser feliz, para estar bem e satisfazer-se consigo mesmo. Então a pressão emocional das nossas expectativas nos põe de joelhos e impõe desvios imorais, condutas levianas, suicídio sentimental. O preço de uma certa vitória(nunca poderia intitular-se assim) torna-se mais cruel do que o próprio fracasso. E este em geral nos humaniza, nos faz melhores, injeta em nós uma certa humanidade. O êxito em nossa sociedade associou-se a capacidade de ter, de consumir, de possuir. A beleza da cirurgia plástica, os recursos do utilitário esportivo, as roupas com preços impronunciáveis, a magia do comprar e amanhã descartar sem apegos, até os objetos de valor sentimental foram abandonados sem explicação. Somos reféns das inovações tecnológicas. A ciência é o nosso deus. A novidade é sempre o máximo, mas nem avisam a ela: amanhã tu serás orfã. A nova novidade será muito mais atraente. O Iphone 4 está “doente” desde da ciência do lançamento do Iphone 5. Todavia, doentes estamos nós, pois vinculamos nossa existência ao que podemos ter. Em outra perspectiva, sabemos tudo, mas não sabemos abraçar, aconselhar, sorrir, perdoar, compreender, parar, refletir, voltar atrás, estender a mão, descansar, chorar. Estas palavras servem apenas para as cerimônias religiosas e para soluções casuais dos conflitos amorosos. É mais um bom discurso. Ir ao hospital visitar o parente doente é uma atividade sem prestígio, mera convenção social. Ajudar o primo drogado é papel dos outros. Levar a avó solitária e esquecida na casa enorme da família ao médico é uma via crúcis. Ninguém se habilita nessa aventura, apenas a tia que ficou para “titia” é sempre a vocacionada. Para completar, nossas paixões amorosas são feitas de açúcar e derretem com a primeira chuva. Nos desapegamos tão fácil como nos apegamos. E por estes e uma imensidão de outros motivos que temos tantos medos. Prisioneiros de nós mesmos, das nossas ambições, das nossas vitórias.


Vinicius Lúcio – 29.Setembro.2011




P.S. No próximo post. Falarei do perfil dos nossos relacionamentos amorosos. “Amores de Açúcar.”

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Lembranças Inofensivas


Ontem eu lembrei do seu sorriso lindo, dos olhos negros brilhantes perto das sobrancelhas escuras e habilmente delineadas. Um par de discretos brincos combinados a um colar com um pingente onde estava esculpido seu doce nome. Não poderei esquecer do seu olhar fascinante, me dizendo das incompatibilidades entre eu e você. Pareciam até palavras verdadeiras e não pensei em nenhum momento que seriam apenas para escapar de um sujeito incômodo. As mãos tão femininas gesticulavam com vigor e me convenciam realmente que não daria certo a nossa história amorosa. Você convenceu as minhas terminações nervosas, mas meu coração não se rendeu a persuasão dos seu argumentos. Entrei em uma cilada como garoto inocente. Agora vivo sem a completude do meus sentimentos. Tentei amarrá-los um a um para não serem tentados a fazerem loucuras. Tenho aprendido a conviver com a tua ausência. Afinal ela é muito mais sincera e carinhosa que a tua indiferença. Eu estou bem, mas lembro sempre de você. E entendi, há certas lembranças que devemos aprender a conviver, pois um dia elas se tornam tão distantes, tão inofensivas...



Vinicius Lúcio(em uma manhã sem inspiração)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Loira Sexta


Loira Sexta


Era quatro da tarde de uma sexta tímida com o sol a procura de descansar no horizonte. Ela passou por mim como uma flecha que atravessa a floresta do asfalto escuro. Carros aflitos de lado para o outro, dois homens carregando algumas grossas madeiras sob as vista do gerente do comércio, logo ao lado um grupo de homens bem vestidos na calçada discutindo as últimas negociações imobiliárias da semana e bem próximo uns meninos de bicicleta sem os fardos da vida adulta transpirando felicidade. A moça linda de passos apressados cruza a rua com loiros e belos cabelos esvoaçantes. Um rosto aflito de talvez alguém que tinha hora para chegar e foi traída pela pressa do relógio. Observo com atenção a calça em tom escuro, a bolsa e camisa em bege claro e o semblante de seriedade com as maças do rosto um pouco ruboradas devido aos últimos calores do dia. Manobro o carro alguns metros depois na tentativa de abordá-la com um simpático e gentil boa tarde. Vã tentativa. Vejo apenas as costas com os longos fios claros entrarem pela elegante porta de vidro. Fechou-se a porta. Fechou-se a oportunidade.

                                                                            Vinicius Lúcio

                                                                            07 de agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Homens sem sonhos: Igreja medíocre




           Cadê os meus sonhos? Projetos de mudar mundo? Ajudar o próximo? O viciado, o desvalido, o preso? Cadê o Cristão que acho ainda ser? Me encaixei tão perfeitamente aos modelos dessa sociedadezinha materialista. Me tornei um jovem “comum”, repleto de sonhos (desculpem o uso desta nobre palavra) banais: um carro legal, uma mulher especial para casar, uma família feliz, uma vida confortável. Meu Deus! Coisas válidas, mas medíocres diante dos planos magníficos de Deus para minha geração. Perdido? Estou sim. Diante de uma geração de jovens cristãos e uma Igreja doente. Obcecada por dinheiro, status, megatemplos, programas de TV. Líderes raramente comprometidos com vidas das pessoas, mas com a produtividade da organização. Entorpecidos pela lógica do sucesso humano. Tantas vezes me invade a nostalgia daqueles cultos há pouco mais de uma década tão cheios de simplicidade. Músicas congregacionais simples; comunidades pequenas onde todos se conheciam e se ajudavam; cristãos menos nominais e mais dados à ação. Sim, muito mais verdadeiros.
            Claro, a Igreja mudou sim, ficou menos ranzinza, massificou a pregação (apesar de centrar mais no Templo de Salomão do que na Cruz de Cristo), sem dúvida usa os meios de comunicação com maestria, mas me soa tão vazio, sem vida, sem brilho nos olhos, negócio “marketeado” mais feito para agradar (bem estilo Pe. Fabio de Melo, apesar dele ter uma dezena de virtudes) do que para impactar profundamente. Há uma preocupação que oscila no binômio adesão/conversão. Então juntar gente e manipulá-las é a grande tentação.
          Nem poderia esquecer, pois chegamos ao estágio da Igreja à La Carte, ou seja, tem para todos os gostos, veja o menu e escolhas suas preferências. Até nem acho ruim, mas vê lá o que se prega e vive. Das históricas às neopentecostais todas com suas contradições, sincretismos e teologias. Por falar em teologia, quanta briga medíocre coisa de acadêmico e pastor dono da verdade que não sabe nem amar o filho drogado morador do quarto vizinho. Tratemos das ações relevantes, dos feridos da guerra pós-moderna que sangram nos bancos a cada domingo pedindo cura e achando na maioria das vezes só morfina para aliviar a agonia. Quantos malucos, amigos meus de tantas igrejas, pensando em suicídio, engravidando outra vez a namorada, em depressão, transtornos psicológicos, uma legião de Cristãos viciados em rivotril. Ai meu Deus! Tanta gente desbussolada, inclusive EU, ouvindo semanalmente a palavra que diz: “Conhecereis a verdade(Cristo), e a verdade vos libertará.”
         Eu queria perceber menos, ver menos, ser mais cego, ver e não me compadecer. Ser menos sincero comigo. O que será disso tudo daqui a dez ou vinte anos? Eu quero escrever uma história simples para Deus, na verdade não sei nem por onde começar. Só Ele pode me ajudar.
          E ao final permaneça a mensagem de Cristo como uma bandeira hasteada. Pois, sim, ainda é esta Cruz sem graça e requinte humano que atrai um pecador como eu e salva o perdido e o ama de maneira única e especial.

                                            
                                                                             Vinicius  Lúcio

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Processo Amoroso

Decidi mover ação em face do seu coração
Nas preliminares peço apenas um pouco de atenção
No mérito um beijo doce, sincero e cordial
No pedido um processo de conquista justo e leal
Não levantarei questões impertinentes
Ou movimentos protelatórios e renitentes


Ofereço um verso de carinho em cada peça
Dou o primeiro sorriso a cada audiência
Negocio o adiamento na sua ausência
Não peço revelia ou julgamento antecipado
Ainda lhe revelo tudo o que foi processado
Nunca imaginou um Autor tão gentil
Disposto a um acordo quase juvenil


O problema está apenas nos julgadores
Um colegiado de dois corações amadores
Às vezes decepcionados por causas anteriores
Outras vezes desejosos por outro amor
Lembrando que beijos também curam dor


Então marquemos a audiência de conciliação
Você se apossa do meu e eu do seu coração...

                                                                   
                                                                     Vinicius Lúcio - 15 de julho de 2011 (em tarde fria e chuvosa)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Olhos Esmeraldas

E estes olhos esmeraldas
prontos a fazer-me cilada
procuram data marcada
para enfeitiçar os sentidos
são olhos, pele e sorriso
pronto a se apoderar
de coração à deriva em alto-mar

Vinicius Lúcio

domingo, 19 de junho de 2011

Sonho Infantil


Parei de escrever versos
Calei o som da minha voz
Tracei planos e refiz sonhos
Tornei-me meu algoz
Cri nas ilusões do futuro
Acordei sem ingenuidades
E vi no outro lado muro
Duas crianças conversando
Sorrindo e brincando dizerem
Traçar planos para o mundo
Seus universos embelezarem
Selaram pacto profundo
De sempre se ajudarem
Aí desci do muro e pensei:
Uma criança me tornarei
Vou sonhar mais uma vez.
                                                    
                                         Vinicius Lúcio

sábado, 18 de junho de 2011

Estou de volta....

Depois de longos quase três meses praticamente sem escrever. Depois do meu sucesso na aprovação da OAB e dos novos desafios que surgiram. Voltei cansado, as vezes sem motivação, por tantas vezes solitário. Mas voltei com a alegria de um garoto e a esperança de quem olha sol nascendo mais uma vez em uma manhã de domingo.

Com carinho,

Vinicius Lúcio

segunda-feira, 28 de março de 2011

Tienen Tu Color

E eu que pensava que havias esquecido
Todas essas coisas que algum dia eu te pedi
Todas as canções, que um dia eu te escrevi

E me dado conta
Que tem estado aí
Fazendo memória diante de mim
Não tinhas esquecido do que eu escrevi

Mas Tu me conheces
E é tua decisão
E a Seu tempo me darás o que é melhor

Todos meus anseios tem a tua cor
Tem a batida do teu coração
Eu não quero nada sem Tua direção

Todos meus anseios são de ti Senhor
Tem tua cadência tem tua paixão
Não me importa nada só o teu favor

E eu que pensava que havias esquecido...
                                                                (Jesus Adrian Romero)

quarta-feira, 2 de março de 2011

Procura-se um Amigo

Procura-se um amigo... basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grande chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
(...)
Precisa-se de um amigo ... para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
                                                                                                 Vinicius de Moraes

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Amanhã


És o enigma dos meus sonhos mais distantes
A incerteza carregada na minha mente
Os olhos, sorrisos e olhar mais faiscantes
Quase entorpecimento para meu coração delirante

És a pergunta complexa das minhas noites sem sono
Ah...mas fiz um escambo dos meus sentimentos
Te troquei pelo amanhã colorido sem arrependimentos
Uma manhã inesperada nasceu na minha janela
Desprovida de orgulhos, vaidades e querelas

O amanhã promete ser mais belo
O amanhã nasce imprevisível
O amanhã surge com um elo
E vem disposto a fazer o impossível                                                 

Vinicius Lúcio

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Torturas


Condeno-te por um crime
Inafiançável
Não há desculpas nem apelações
Para um ilícito provável
Que não carece de investigações
Muito menos inquérito
Para saber quem foi e não foi culpado
De assunto tão pretérito
Que é esse crime alegado

Você roubou meu coração
Crime de tortura
Portanto moverei uma ação
Pedindo reparação
Para esse crime sem perdão

Por isso te condeno
Em sentença única em trânsito e julgado
Sua pena será viver
Com esse que vos fala
E que depõe completamente apaixonado
O resto de sua vida
Em regime fechado.

Edson Moura

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Politicamente Incorretas 2


"A amizade de duas mulheres é sempre a conspiração contra uma terceira."   Alphonse Karr

"Da amizade entre as mulheres:
Dizem-se amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia!
Salvo se uma das duas, por sinal,
For muito velha, ou muito feia..."
                                        Mário Quintana

“Todo tímido é candidato a um crime sexual.”        Nelson Rodrigues

"Se você obedece todas as regras, acaba perdendo a diversão."    Bob Marley

"O que eu espero senhores, é que depois de um razoável período de discussão, todo mundo concorde comigo."              Winston Churchil

“Para os pobres, é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei. Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica.”        Fernando Sabino


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Por Você 3

Por você
Eu pulo do quinto andar
Caço tubarão em alto-mar
Pego briga no meio da rua
Viro astronauta e vou à lua
Canto e danço no karaokê
As músicas do Katinguelê
Visto uma calça verde-limão
Compro um terreno em outro planeta
Com juros altos e a prestação

Por você
Viro uma sombra de coqueiro a beira-mar
Me transformo numa espaçonave estelar
Cutuco as nuvens e provoco chuva
Cultivo um jardim com as mais doces uvas
Faço carta com amor e poesia
Canto no radio a tua melodia

Se for pouco...
Eu declaro guerra civil
Explodo o banco das tuas dúvidas e atiro de fuzil
Sitio a cidade de cantores e bailarinos
Harpas, flautas e violinos
Distribuo flores e chocolates
Grito na praça que mulher
Linda e inteligente
Atou meus sentimentos de repente
Prendeu-me de forma surpreendente
E as loucuras que fiz é apenas um traço
Porque agora eu nem sei o que faço
Por você...

Vinicius Lúcio

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ataduras e Curativos


Eu queria te decifrar em duas ou três palavras
Nos amores, nos livros e nas canções espremidas
Procurei desesperadamente entre noites mal-dormidas
Segredos, sentimentos e contradições nos teus olhares
Tomado pela vingança ensaiei imprensar tua alma
Jogar-te friamente em um caldeirão de maldades
Fustigar tuas desculpas e tua amarga insensibilidade
Desisti pela incapacidade de lidar com a indiferença
Levantei-me da humilhação da espera de um sorriso alheio

Fui traído por coração bandido e leviano
Renasci melhor, mais forte, sereno, sincero
Mas a cada aventura me convenço profundamente
Que os arranhões, tropeços e escorregões
Desconstróem as nossas crenças inocentes
Extraem alguns dos nossos sonhos inconsistentes

A partir de agora ando com ataduras e curativos
Boa música, uma bíblia e alguns amigos
Duas piadas, um violão e paciência
Sinceridade e menos inocência

Vinicius Lúcio

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


Hoje em meu coração há sorriso e esperança
Cansei das falácias e de falsas lembranças
Abracei-me aos sonhos que restaram
Corro obstinado todos os dias
Agarrado nas forças que sobraram
Tombo, caio, levanto e sonho de novo
Salto, grito, choro e não acho estranho

Nasci destinado a voar alto
Conto com coração vigoroso
Alma livre e espírito alvoroçado
Na minha retina brilha o prazer da aventura
As minhas emoções desimpedida das agruras
Provocaram a ligeireza dos meus pés habilidosos
Me empurraram em um poço de maldades
Mas em cacimbão fundo eu pulo é de felicidade
Na certeza de quem carrega sonho e poesia
Apesar das avalanches e precipícios da vida
Viverá sempre dias de eterna alegria

Vinicius Lúcio

domingo, 23 de janeiro de 2011

Flores em Vida

Sei, já não são meus, vento levou
Tempos que não mais voltam e então
O que eu fiz por mim e por quem amei
Só desilusão, reconheci
Não construi o que planejei
Pouco abracei e não ofereci perdão
Já não alcanço o passado
Meus limites percebi
O hoje é tudo o que tenho, isso entendi
Preciso trazer a memória histórias que desprezei
Não posso me esquecer, tenho que oferecer
Flores em Vida
Enquanto é dia?

Paulo Cesar Baruk

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Atrevimento Inútil






"Cá entre nós, é um tanto atrevido supor a mim mesmo capaz de atravessar — mentalmente, dormindo ou acordado — todo esse espaço que nos separa e, de alguma forma que não compreendo, penetrar nessa região onde acontecem os seus sonhos para criar alguma situação onde, no fundo da sua mente, eu passasse a ter alguma espécie de existência."                    Caio Fernando Abreu



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vaidade Feminina

Numa rua cheia das penumbras da noite, em bairro de gente elegante, passava uma família de catadores das nossas rejeições cotidianas. Um homem meio-maltrapilho carregando uma carroça repleta de utilidades descartadas, uma criança pequena adomercida sobre os papelões no carrinho, um cachorro vira-latas magrinho com rabo feliz e uma mulher ávida de porta em porta recolhendo papéis, sapatos, roupas, comidas duvidosas aos olhos e nariz, mas apetitosas ao instinto de sobrevivência. A mulher com seus trinta e poucos anos, cabelos maltratados pela vida, olhar triste, a pele era bela e suave, pés sujos, mãos cansadas. Todavia, a surpresa resolveu nascer nos baldes e caixas numa esquina entre o asfalto preto e o barro avermelhado da rua de terra, logo em frente a um terreno desocupado esperando os louvores da especulação imobiliária. Ela achou alguns itens que captaram sua atenção e o brilho dos seus olhos. Esqueceu a avançada hora da noite e as rejeições do olhar da mulher que abriu a janela da casa vizinha. Retirou algumas revistas nas quais as modelos e atrizes dizem todos os segredos da beleza da pele, dos cabelos e ocultam as mazelas do coração. Contemplava as fotos de corpos e silhuetas perfeitas a amostra. Olhava como tivesse encontrado súbita identificação interior, a vaidade adormecida acordava pedindo cuidado e carinho. O homem, companheiro da noite, sentou no meio-fio do outro lado da rua fustigado pelo cansaço. Ela folheava as páginas, possivelmente entendia algumas palavras. Nem precisava. As imagens eram auto-explicativas. Perto das revistas havia um espelho infantil pequeno. Olhou-se. Amarrou os cabelos com cuidado. Limpou uma pequena mancha de fuligem da bochecha. Levantou-se mulher novamente. Lembrou-se de si. Encontrou sua própria vaidade, a sua medida, a porção que lhe cabia naquele momento. Pôs as revistas no carinho. Levou o espelho ao bolso e segui o seu caminho.

Vinicius Lúcio

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Coisas do Cariri


Eu gosto mesmo é de mel e queijo
Leite quente das tetas da vaca
Mesa farta com todo beijo
Porco gordo pingando na brasa
Bezerro novo pulando no curral
Criança brincando de toca
Vó fazendo um banquete sem igual

No meu cariri
Tem concriz, galo de campina e sabiá
Bode brabo, relâmpago e preá
Tem primo, tio e tia
Brincadeira e carinho todo dia

Ésaudade saltando as cercas
Invadindo a minha alma
No coração fazendo carícia
Água que rompe o roçado
Aliviando a dor do meu Avô

Rede estendida na varanda
Vovó acordada logo cedo
Café quente cheirando de madrugada
Leite, cuscuz e nata

Pamonha, canjica e goibada
Peru engordado no pirão
Panela de galinha de capoeira
Com farinha e cabidela

Luz de lampião no canto da sala
Estrela e lua cheia
A noite conversa e gargalhada
Piada, verso e risada

Vinicius Lúcio

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Maltrapilho

Conta a história que um pecador notório foi excluído e proibido de entrar na igreja. Ele levou as suas dores a Deus:
— Eles não me deixam entrar, Senhor, porque sou um pecador.
— Do que é que você está reclamando? — Deus perguntou. — Eles também não me deixam entrar.


MALTRAPILHO
Maninho/Bruno Camurati

Paro por aqui
Não posso passar pela porta dos perfeitos
Proíbem meu jeito, defeito não é bem aceito aqui
Acesso negado

Quero te seguir
Será que me deixam aproximar de ti?
Tocar no teu manto, comer nesta mesa, beijar teus pés
Sentir o amor que não tem ressalvas
Que salva o que é meu
Que me chama a estar contigo

E assim posso esperar
que seja aquela mesma esquina
ou mesmo do lado de fora
ninguém merecerá
mas tua graça me conforta
que deixa ao fim Te alcançar



(Retirado do Blog do Camurati - http://www.brunocamurati.com/blog/?p=923)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Encantamento

...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.
 
(Manoel de Barros)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Rifa-se um coração


Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
 
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
 
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
 
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
 
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
 
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
 
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
 
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

                   Clarice Lispector

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Educador - homenagem ao meu Pai - Pedro Lúcio


O Educador

A você meu Pai
um abraço educativo
daqueles que não aprendi na escola
nem muito menos nos livros

quando garoto
obrigado fui a devorá-los
decorando a tabuada do oito
para poder multiplicá-los

letras se tornaram sonhos
educador como você não me tornei
missão impossível
para um garoto de aventuras e leis

lhe dedico esta poesia
poeta adormecido em ti
acordou na minha história
trazendo um rastro de vitória

Educou com prazer
Rico, pobre ou remediado
Fez a matemática renascer
E puxou orelha de professor desleixado

No CAD e na Prata
não deu aula de graça
minha barriga ficou grata
e de sonhos enchi a praça

Educar seu prazer
protestar uma necessidade
fazendo crescer a sociedade
e denunciando as atrocidades

Menino na escola
Professor bem pago
a escola sem ser uma gaiola
impossibilitando o aprendizado

De excluído a incluído
do Ceará saiu agradecido
o Professor virou Secretário
não queria ser chamado de Doutor
só atendia por Professor

Do mesmo jeito ficou
Simples e muito calmo
Dois ternos comprou
Andando mais arrumado

Conversava com todo mundo
menino, professor e merendeira
entrava na classe de Raimundo
e falava com a mãe de Meira

Depois do “aqueta e arreda”
Deixou de ser petista
Caiu fora do barco furado
Tornou-se apenas Lulista

Da UEPB ao Doutorado
voltou ao habitat natural
É um professor devotado
que gosta de aula genial

Ao meu Pai educador
um grande abraço
desse garoto Doutor
e se um dia der aula
arretada que nem o senhor
fecho as portas do escritório
e vou ser Educador


Com carinho, 
                 do seu filho Vinicius Lúcio

Janeiro de 2011

Ternura


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
                                                                     [ extático da aurora.

Vinicius de Moraes

Adulto

"Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. 
Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito.
É muito difícil ficar adulto."
Caio F. Abreu

Desconfie dos Coerentes

Incoerente? Não! Flexível.


            Há territórios que podemos andar com tanta maestria, como se índios se impressionassem com nossa desenvoltura diante da imensidão e perigos da floresta amazônica. Mas são raros os lugares onde passeamos confortavelmente, afinal somos tão desonestos conosco e com os outros, que somos capazes de tomar duas decisões antagônicas e imbecis em apenas alguns segundos, e depois de belos minutos dizermos as escolhas tomadas: vocês não me pertencem! E se perguntados acerca disto diríamos com a convicção de um exímio criminalista, a defender o mais vil criminoso, poderíamos usar o argumento de Cristo para a mulher flagrada em adultério. Só que a disfarçatez é tão latente, pois utilizamos do mesmo escudo cristão algumas centenas de vezes durante a semana, e quando nos apertam a consciência dissimulamos lágrimas dispostas a enganar o mais moderno polígrafo dos federais.
Fingimos ser verdadeiros para não sermos politicamente incorretos, esse ser “pseudo-verdadeiro” tornou-se uma convenção social tão relevante quanto usar os lugares corretos para as necessidades fisiológicas. Mas como é prazeroso quando usamos a beira da estrada em viagem para aliviar as cargas biológicas cotidianas.
Afinal, amamos a ambigüidade, porque não dá pra ser coerente toda hora. É degradante e cruel, desumano, agirmos do mesmo jeito a todo momento.É como um barco navegando apenas a direita ou a esquerda, isso é líquido intragável, não desce pelo trato digestivo do maior dos ébrios. Os petistas e democratas entenderam perfeitamente essa máxima, pode-se ser coerente até a próxima encruzilhada, depois dela faz-se concessões, mas como nessa politicagem brasileira, avacalharam até a incoerência, vendem a mãe, matam o irmão e comem o cachorro de estimação no churrasco para continuarem a andar naqueles ômegas australianos pretos. Heloísa Helena no máximo vai chegar a suplente de vereadora nas próximas eleições. Ela é coerente demais. Quando flexionou as idéias elegeu-se senadora com apoios nada coerentes no interior de Alagoas, leia-se, João Caldas e outros Colloridos.
As minhas vizinhas são meus exemplos claros nesse território das ambigüidades morais do cotidiano, leia-se pelo perfil musical utilizado durante algumas manhãs, são muito mais modernas do que um ônibus cheio de Heloísas Helenas, com predominância escutam forró e os temas mais correntes em tal gênero: cachaça, mulher e traição. Todavia em outro dia, naqueles chuvosos e tristes, colocam os ícones da música evangélica nacional, Kleber Lucas, Aline Barros, mas como se as ambigüidades não bastassem escutam Roupa Nova, Roberto Carlos. Então, chego a conclusão de que não escutam música clássica ou jazz porque não lhes fora apresentadas ainda.
Somos todos extremamente coerentes até a próxima esquina da vida, na qual os dilemas nos assaltam sem qualquer compaixão.



                                                                    Novembro de 2009
                                                                                             
                                                                    Vinicius Lúcio

sábado, 1 de janeiro de 2011

Canção para Jesus


Hoje uma canção eu vou te dar
Um beijo te ofertar
Um abraço te oferecer
Minha vida te entregar
E em ti descansar
descansar

Cada vez que olho para ti
Novos sonhos nascem em mim
Minha vida se refaz
Meu coração se satisfaz
Quando estou na tua presença

Tu és tudo que tenho, Jesus
A minha vida, o meu calor
Meu Jesus, Meu Salvador
Minha canção
Minha paixão

Meu amor
Meu Senhor
Meu Jesus

                                                         Vinicius Lúcio