quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Meu mundo imaginário




No meu mundo plantam-se árvores nas esquinas, jardins e quintais sem a preocupação de suas folhas e frutos “sujarem” o chão, nele as ruas são construídas para as pessoas e não para os carros, estes devem ser poucos, o suficiente para as urgências hospitalares, os carros devem ser de muitas cores para que as crianças se encantem ao vê-los cruzando as ruas. Nesse mundo trabalha-se o suficiente para viver dignamente e as longas jornadas laborais são desprezadas por todos, o afeto e a alegria é pauta das rodas de conversa, pois as pessoas se abraçam e olham nos olhos umas das outras sem medo de serem mal-compreendidas. Há facilidade em pedir perdão e ser perdoado. Os homens chegam mais cedo em casa para brincarem com seus filhos e passam menos tempo nos bares, também se dedicam mais as suas esposas e menos as suas cervejas, sem desprezar totalmente as últimas. A bebida é riso, mas sem tragédia ou torpor, apenas estimulante residual para os mais tímidos. A dança? Todos deveriam dançar(principalmente forró...rss) com todos e em qualquer lugar para que o corpo fosse ponte e não separação para as almas. Na morte, no lugar de rituais fúnebres tristes e impessoais, alguns momentos de silêncio e uma porção de choro para as almas mais doloridas, depois festa com direito a tudo que o falecido gostava de fazer, um jogo de futebol com os amigos ou apenas que tocasse aquele cd de rock, forró ou samba preferido. Meu mundo haveria sim expressões divinas, Cristãs, de preferência, mas sem grandes templos, jogos de luzes e gelo seco, bastava umas reuniões modestas em qualquer lugar onde coubesse algumas dezenas de pessoas, bíblia, música e corações sinceros. A profissão mais admirada seria a de professor, inclusive os cargos mais estratégicos desse mundo seriam entregues aos professores de forma democrática, não os professores-doutores, pois são vaidosos e pouco objetivos, nesse campo, as pessoas práticas são mais úteis. Nas universidades o currículo literário, ler literatura sempre e muito, seria mais importante que o currículo Lattes. As aulas poderiam ser em qualquer lugar, na praça, na praia, no bar, poucas em uma sala fechada, fria e sem graça. As mulheres olhariam mais seus olhos e sorriso no espelho do que sua cintura e a curvatura do bumbum, também seriam menos desconfiadas e mais independentes...Meu mundo é incompleto, mutante, colorido, imaginário, modesto, sincero, mas um mundo feliz. 

Vinicius Lúcio

27 de maio de 2013

terça-feira, 29 de maio de 2012

A vingança dos ofendidos

Como o sândalo humilde que perfuma
E o ferro do machado que lhe corta,
Hei de ter a minh’alma sempre morta
Mas não me vingarei de coisa alguma.


Se algum dia, perdida pela bruma,
Resolveres bater à minha porta,
Em vez da humilhação que desconforta,
Terás um leito sobre um chão plumas.


E em troca dos desgostos que me deste
Mais carinho terás do que tivestes
Os meus beijos serão multiplicados


Para os que voltam pelo amor vencidos
A vingança maior dos ofendidos
É saber abraçar os humilhados.

                                                               Rogaciano Leite

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mais uma poesia


Na doçura dos teus olhares
e nos seus lindos detalhes
tenho aprendido coisas especiais
incomuns aos simples mortais

Suas mãos afagam rosto e alma
uma companhia cheia de calma
nestes sorrisos fáceis e sinceros
eu me vejo sem jeito de dizer
tão lindo tem sido te conhecer

Me fogem palavras e versos
eu me sinto um homem submerso
no teu carinho e nas tuas lembranças
A noite sussura teu nome no meu ouvido
e eu penso se até hoje havia vivido...


Em uma noite de sábado com lua e encanto,

Com carinho,

Vinicius Lúcio

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Desabafo


E está tudo muito estranho aqui por dentro. Essa mistura de cansaço e medo fazem a cabeça de qual quer sujeito delirar. Não são aqueles delírios bons, cheio de adrenalina e emoção... Me sinto confuso e perdido. Não perdido de não saber para onde ir, mas procurando saber se no final isso tudo vale a pena? Ah... Solitário? Inúmeras vezes. Meio Dom Quixote, apenas por amor as causas perdidas... Sei que tens me erguido Senhor e me levado a um lugar melhor. Os caminhos tortuosos da vida, as tempestades imprevisíveis, a dor contida e o choro evitado tem me enfraquecido. Tornei-me mais forte, mas um pouco mais frio. Meu Deus essa lógica perversa da ser bem-sucedido massacra a alma humana. O sucesso e o fracasso são iguais, ambos são impostores, pois impõem dores e misérias. Talvez ser feliz e fazer os outros felizes seja minha maior missão. Eu estou precisando, chorar um pouco, pensar mais um pouco. Compreender onde errei e ir em frente... Ouvir uma música que fale profundamente do Teu amor por mim e encontrar-me com aquelas “letras antiquadas” da Bíblia.


Em Cristo, que me ama “extravagantemente” sem explicar as razões,

Vinicius Lúcio,

Em uma noite difícil do mês de novembro

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amores de Açúcar


            Se você já escutou estas perguntas nesta ordem: Está namorando? Já acabou? Durou tão pouco tempo? Porque? Então se identificará! Caso contrário é melhor ir passear no YouTube. Encontrar um padrão, um modelo, a fórmula mágica para os relacionamentos amorosos é atividade para pessoas ingênuas ou sonhadoras demais. Talvez seja por isto o lamento de Leoni ao cantar “ainda encontro a fórmula do amor”.
           Eu parto do pressuposto que somos pessoas “desreguladas” nesta sociedade, os homens e mulheres sentem-se sós, vazios, carentes, todavia não conseguem construir relacionamentos duradouros e consistentes. Um paradoxo de difícil solução. Sonha-se com casamento, família e demais adereços dos tempos da vovó, mas aproximar-se do outro de forma sincera e verdadeira é um desafio. Na verdade, o “outro” ainda que conviva com você todos os dias é considerado um estranho, perigoso e imprevisível. Amar o próximo é uma sugestão cristã chata, pois nos comove, mas não nos convence. Afinal, não há vantagem visível neste comportamento.
           Claro, queremos sim a mão amiga, a companhia, o afago, o dengo, a ternura, o abraço, mas de forma controlada pelas nossas vontades e egos, sem contrapartidas e sem maiores esforços. Devem ser longos o suficiente para serem rapidamente esquecidos. Fortes na medida de serem facilmente desafrouxados. Pertos de maneira a ficar longe. Compromissos a longo prazo são apenas sonhos dos mais românticos.
           Dessa forma, criamos o que chamo de “namoro útil”. Duas pessoas legais, gostam das mesmas coisas, precisam de companhia, mas não querem nada muito sério(ou um deles finge que quer). Ou seja, se der certo legal, senão acena-se um impiedoso tchau. Juntas sim, todavia separadas. Próximas, na verdade distantes. Essa fluidez relacional nos torna descartáveis uns para os outros. Nossos relacionamento são uma das faces mais pertubadoras desta sociedade.
           Castelos de açúcar construídos para desmoronar. Um território de amores convenientes. Nem preciso explicar os danos emocionais dessa roda gigante sentimental. Eita! Lá vem o vento e uma chuva fina...


Vinicius Lúcio,


Outubro de 2011, às margens de um velho açude




P.S: Cumprida a promessa feita no post anterior. Publicarei uma poesia na próxima postagem.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Medos Cotidianos


Somos de uma geração cheia de medos. Temos verdadeiro pavor as hostilidades da vida e relutamos em olhar o futuro, afinal somos o presente, o hoje. O efêmero e transitório nos basta. Tentamos disfarçar esses incômodos, e fazemos muito bem até que uma grande perda e dor profunda nos ponha diante do espelho sem as nossas maquiagens emocionais. A principal delas é o medo do futuro, especificamente o medo da derrota, medo do fracasso, e o mais cruel, o medo da dúvida. Planos traçados, sonhos idealizados, vislumbres ambiciosos. Mas existem pouquíssimas certezas e uma imensidão de riscos, uma relação desigual. Carregamos tantas exigências para ser feliz, para estar bem e satisfazer-se consigo mesmo. Então a pressão emocional das nossas expectativas nos põe de joelhos e impõe desvios imorais, condutas levianas, suicídio sentimental. O preço de uma certa vitória(nunca poderia intitular-se assim) torna-se mais cruel do que o próprio fracasso. E este em geral nos humaniza, nos faz melhores, injeta em nós uma certa humanidade. O êxito em nossa sociedade associou-se a capacidade de ter, de consumir, de possuir. A beleza da cirurgia plástica, os recursos do utilitário esportivo, as roupas com preços impronunciáveis, a magia do comprar e amanhã descartar sem apegos, até os objetos de valor sentimental foram abandonados sem explicação. Somos reféns das inovações tecnológicas. A ciência é o nosso deus. A novidade é sempre o máximo, mas nem avisam a ela: amanhã tu serás orfã. A nova novidade será muito mais atraente. O Iphone 4 está “doente” desde da ciência do lançamento do Iphone 5. Todavia, doentes estamos nós, pois vinculamos nossa existência ao que podemos ter. Em outra perspectiva, sabemos tudo, mas não sabemos abraçar, aconselhar, sorrir, perdoar, compreender, parar, refletir, voltar atrás, estender a mão, descansar, chorar. Estas palavras servem apenas para as cerimônias religiosas e para soluções casuais dos conflitos amorosos. É mais um bom discurso. Ir ao hospital visitar o parente doente é uma atividade sem prestígio, mera convenção social. Ajudar o primo drogado é papel dos outros. Levar a avó solitária e esquecida na casa enorme da família ao médico é uma via crúcis. Ninguém se habilita nessa aventura, apenas a tia que ficou para “titia” é sempre a vocacionada. Para completar, nossas paixões amorosas são feitas de açúcar e derretem com a primeira chuva. Nos desapegamos tão fácil como nos apegamos. E por estes e uma imensidão de outros motivos que temos tantos medos. Prisioneiros de nós mesmos, das nossas ambições, das nossas vitórias.


Vinicius Lúcio – 29.Setembro.2011




P.S. No próximo post. Falarei do perfil dos nossos relacionamentos amorosos. “Amores de Açúcar.”

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Lembranças Inofensivas


Ontem eu lembrei do seu sorriso lindo, dos olhos negros brilhantes perto das sobrancelhas escuras e habilmente delineadas. Um par de discretos brincos combinados a um colar com um pingente onde estava esculpido seu doce nome. Não poderei esquecer do seu olhar fascinante, me dizendo das incompatibilidades entre eu e você. Pareciam até palavras verdadeiras e não pensei em nenhum momento que seriam apenas para escapar de um sujeito incômodo. As mãos tão femininas gesticulavam com vigor e me convenciam realmente que não daria certo a nossa história amorosa. Você convenceu as minhas terminações nervosas, mas meu coração não se rendeu a persuasão dos seu argumentos. Entrei em uma cilada como garoto inocente. Agora vivo sem a completude do meus sentimentos. Tentei amarrá-los um a um para não serem tentados a fazerem loucuras. Tenho aprendido a conviver com a tua ausência. Afinal ela é muito mais sincera e carinhosa que a tua indiferença. Eu estou bem, mas lembro sempre de você. E entendi, há certas lembranças que devemos aprender a conviver, pois um dia elas se tornam tão distantes, tão inofensivas...



Vinicius Lúcio(em uma manhã sem inspiração)